Uma paisagem bonita não é apenas uma imagem. Ela sugere ao pensamento a absorção dos padrões de ordem e beleza existentes no universo. Uma paisagem aparentemente desoladora, por outro lado, pode servir também para que o espírito possa lançar asas ao infinito. Para Isaac Newton (1642-1727), os elementos que formaram a bela imagem da suas teorias tiveram como inspiração não apenas o cartesianismo, as concepções filosóficas e geométricas de Kepler ou a nova ciência de Galileu: tiveram também a inspiração de um momento difícil, em que o jovem Newton estava em quarentena.
Newton em quarentena
Algumas das categorias básicas que serviram como motivação inicial para Newton residem nas explorações de sua juventude, sobretudo ao longo dos anos 1664-1666, período em que obteve os mais expressivos resultados na Matemática e também na Física. Tendo iniciado os estudos superiores na Universidade de Cambridge em 1661, ele encontra à altura de sua formatura, em 1665, uma praga que toma conta da Inglaterra: à semelhança da grande epidemia do período medieval, que havia dizimado grande parte da Europa, a universidade fecha as portas entre 1665-1667.
Vendo-se obrigado a isolar-se na casa de sua família, que ficava no condado de Linconshire, como é notório, o jovem filósofo experimenta seu período mais inventivo, em que constrói as bases de suas maiores descobertas e invenções, como o método dos fluxões, que está na origem do cálculo diferencial e integral, o princípio da ação e reação, os estudos sobre a refração da luz e o fenômeno de separação das cores, que seriam tema de seu primeiro artigo, e futuramente seu último livro, Optiks.
Enfrentando barreias iniciais com relação aos primeiros relatos, Newton empenharia-se, depois disso, na publicação do primeiro livro, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, de 1686, que marcaria como nunca a adoção da matemática como linguagem universal da ciência, e seria imortalizado como uma das mais importantes publicações de toda a história científica.1
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Por toda complexidade, a obra de Newton têm sido objeto de inumeráveis estudos, sob as mais diversas abordagens, impossíveis de serem citadas todas. Grande parte das publicações de Newton podem ser hoje encontradas digitalizadas em The Newton Project. Disp. em: http://bit.ly/newtonproj. ↩